Às vésperas de mudanças, tendemos a fazer reflexões sobre nossas próprias vidas e metas, chegando sempre às mesmas conclusões: alguns objetivos foram alcançados, outros saíram do script e ainda outras coisas nos aconteceram que deixaram tudo mais espontâneo e imprevisível. Entretanto, permanecemos e enfrentamos as adversidades, a vida ganhou mais cores e sons e pela graça de Deus chegamos até aqui.
Ao ler as cartas de Paulo somos surpreendidos com um homem que mesmo tendo encontrado pessoalmente com Deus, não foi poupado da vida como ela é. Imagino que o apóstolo teve sonhos, metas e desafios, porém, percebemos a sua capacidade de improvisação teológica considerando as próprias palavras de Deus e também a direção do Espírito, vivendo um estado de alegria que provém do conhecimento de Cristo.
O conceito de alegria nas Escrituras é muito mais profundo do que podemos imaginar. Alegria não é contrário de sofrimento, choro ou qualquer outra coisa que possa soar negativo, alegria nas Escrituras é ser bem aventurado, e ser bem aventurado é estar em Cristo.
O motivo é o mesmo
O combustível do cristão não é outro senão Cristo. Por este motivo o apóstolo fala muitas vezes sobre as mesmas coisas; Cristo é onde devemos buscar nossas satisfações. Normalmente quando pensamos em metas para um novo tempo, pensamos em lugares onde queremos chegar. Isso é algo bom, mas pense bem, você acredita que existe algum outro lugar melhor do que no próprio Deus? “Alegrai-vos no Senhor”.
Todas as suas conquistas também devem ser encontradas em Cristo, caso contrário elas serão como “Esterco”
Sim, de fato também considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas essas coisas. Eu as considero como esterco, para que possa ganhar Cristo, e ser achado nele, não tendo por minha a justiça que procede da lei, mas sim a que procede da fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé, (Filipenses 3:8-9)
O apóstolo Paulo poderia se orgulhar de muitas conquistas, e ele tinha méritos em tantas coisas que uma lista delas seria o suficiente para impressionar a qualquer pessoa que mede a vida numa balança meritocrata.
Mas para ele a única coisa que importava era conhecer o seu Senhor e ser achado nEle. Isso significa que tudo aquilo que não foi encontrado em Cristo, motivado em Cristo e convergisse para a glória de Cristo deveria ser descartado no campo como o que os animais fazem com o alimento que não lhe é necessário.
Todas as nossas ações podem se tornar sem valor se isso não faz parte do processo de sermos mais conscientes de quem Deus é e da sua obra redentiva.
Meu conselho para você é: quando for escrever as suas metas e estipular os seus alvos, lembre-se de buscar o reino de Deus em primeiro lugar, para não ser achado correndo para trás, contra a verdadeira linha de chagada que um cristão deve ter como meta de vida.
Deixe o passado no passado
Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado; mas faço o seguinte: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, pelo prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. (Filipenses 3:13-14)
Eu não acho que fazer metas para um novo tempo é coisa de gente pagã, pelo contrário eu acredito que Deus está, sim, interessado em boa produtividade e florescimento, mas que façamos isso de maneira bíblica e buscando sempre a vontade do nosso Senhor; que nossas vidas reflitam de fato a nossa submissão ao Cristo que nos comprou.
Nessas de fazer listas e estipular alvos, esbarramos naquelas metas e objetivos do passado não concluídos, e até mesmo podemos ficar presos as nostalgias das conquistas de outras épocas. Tudo isso deve ser deixado lá junto com todos os embaraços do pecado. Há um caminho adiante que é totalmente novo e com outras paisagens, pois Cristo está lá, nos altos montes, Ele é o alvo supremo das nossas vidas e para Ele devemos seguir.
Deixar para trás não é simplesmente apagar o passado, mas dar mais atenção ao presente, e para isto nossas mochilas precisam carregar somente o necessário para chegar até o fim.
Alegrai-vos
O conselho de Paulo é sobre alegria, e eu sei que é quase um absurdo falar de alegria em um tempo como o nosso quando algumas pessoas perderam entes queridos, outras adoeceram ou tiveram subtraída uma boa fonte de renda e tantas outras estão vencendo as sequelas deixadas pela ansiedade e depressão.
De nenhuma forma devemos negar o sofrimento, mas compreender que toda dor tem um prazo de validade e que Deus usa das adversidades boas e ruins para formar Cristo em nós, para nosso bem e Sua glória. A nossa alegria não está fundamentada nas circunstâncias ou nas ausências de sofrimento, antes, na certeza de que Deus é quem nos guia pela jornada, é o alvo das nossas vidas e o autor do “querer e efetuar”.
Um cristão que busca alegrias em coisas, pessoas e projetos que não tem o próprio Cristo como centro, está sendo um tolo e buscando para si mesmo ruína. Que neste novo período de sua vida, o seu principal objetivo seja uma vida completamente entregue a Jesus como Senhor e Salvador. Para isso precisamos reconhecer nossa miséria e incapacidade de nos auto promover alegria, nos arrepender de buscar no pecado o alimento que só pode ser encontrado no banquete que o Evangelho oferece.
Se nossas metas de alegria para um novo tempo envolverem fé contínua e crescente em Cristo, contrição de coração e abandono do pecado, certamente desfrutaremos de uma vida bem aventurada no Reino de Deus.