E muitos estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que haviam cortado dos campos. Tanto os que iam adiante dele como os que vinham depois clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana, nas maiores alturas! Marcos 11:8-10
O Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão é marcado por atos de Deus na história que anunciam nuances magníficas da maravilhosa mensagem do Evangelho do Reino de Deus. O Rei Messias entrando triunfantemente em Jerusalém, em humildade e singeleza. Um paradoxo de glória e humilhação se misturam entre a figura da montaria do jumentinho e os clamores de socorro feitos a um único possível Salvador.
A ironia, aqui, nos salta aos olhos se o contexto da entrada triunfal for visto com atenção; Jesus está a poucos dias da sua terrível morte, e a um domingo de sua gloriosa ressurreição. Jesus ao entrar em Israel, não está ali para reivindicar poderes humanos, mas para se entregar como um sacrifício pascal.
Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Zacarias 9:9
Mais uma vez a profecia messiânica se cumpre. Jesus, sabendo como deveria ser, ordena aos seus discípulos a buscarem o jumentinho, dizendo “O Senhor precisa dele”. Deus precisa de algo? Sim e não! Ele não precisa de nada pois é Senhor, suficiente sobre tudo e todos, mas na sua misericórdia e história da redenção, usa homens – dos quais nem sabemos o nome-, mulheres, pescadores e gente de todo tipo para participarem dos atos divinos. Nessa ocasião um animal cooperaria no que Deus Pai, estava fazendo na vida do Deus Filho.
Este Domingo é cheio de imagens maravilhosas que revelam a realeza gloriosa de Jesus. As pessoas clamavam ou louvavam Hosana? Uma mistura de orações, súplicas e encantamento contemplando o Messias Salvador! Hoshié possivelmente a palavra hebraica usada pelas pessoas que saldavam “Hosana” a Jesus. Essa expressão quer dizer “Oh! Salva-nos, Senhor” e pode ser encontrada nos Salmos 118.25.
Mais uma ironia ao olhar para todo o contexto da última semana de Jesus antes de sua morte e ressurreição: uma multidão reconhece Jesus como o Messias prometido, entretanto poucos dias depois gritam inflamados de ódio “Crucifica-o!”. Aquele mesmo pecado de Israel se repete como um vício de corações depravados e endurecidos.
Espere mais um pouco
Se coloque na cena: com a multidão, você e eu somos surpreendidos por um homem montado em um jumentinho, na sua face não há formosura, mas mesmo assim somos levados a encher os nossos pulmões de ar e quase como em coro dizer “Oh! Salva-nos, Senhor”. Euforia toma o nosso coração, aquelas palavras só poderiam ser direcionadas a Deus; será que este homem a qual estendemos as nossas vestes e ramos é de fato o Messias? Parece-me o Rei que os profetas falaram e escreveram sobre. “Oh! Salva-nos, Senhor” queremos ser livres do pecado e de todo mal no mundo, “Oh! Salva-nos, Senhor”.
Alguém poderia interromper por um segundo a nossa euforia e questionar: para onde Ele está olhando? Olharíamo-nos e olharíamos também para Jesus, e os seus olhos estariam concentrados em Jerusalém; ele não se distraiu com os louvores de um Rei. Por que não? Porque Ele está a poucos dias de sofrer o pior castigo que um ser humano poderia enfrentar. A santa Ira de Deus Pai estava prestes a ser derramada no Filho, e do alto do monte das Oliveiras Jesus avistava o templo, lugar de adoração sacrificial. O cordeiro estava sendo preparado para a morte.
A Páscoa se aproximando, o cordeiro entrando na casa, a euforia anunciada do Rei e a cada passo em direção ao lugar do sacrifício, mais tensa essa jornada vai ficando. Mas este não é o fim, essa história densa que não pode ser contemplada em um texto, tem final feliz. O mesmo Jesus que fixa o seu olhar em Jerusalém não o abaixa como se a morte fosse o fim, a paixão que se revelará daqui a alguns dias vai dar lugar ao maior ato de Deus na história! Pela morte de Jesus, será vencida a morte e seu povo liberto do império das trevas, para o seu Reino! (Cl 1.13)
Espere mais um pouco, o Rei que se apresentou como cordeiro pascal, logo virá em glória, nós conheceremos a sua majestade real no reino vindouro e “naquele grande dia” nos cantaremos “Bendito o Senhor que nos salvou e cumpriu plenamente todas as suas promessas!”