Já fazia dois anos desde a sua prisão pelo governador Félix; Paulo estava aguardando julgamento quando Festo assumiu o poder e na ocasião da visita do rei Agripa e sua irmã Berenice, novamente o apóstolo teve a oportunidade de testemunhar o Evangelho.
Paulo e o rei Agripa
Paulo se dirigiu ao rei respeitosamente e ressaltou que Agripa tinha conhecimento do assunto que seria tratado. O rei, na verdade, foi o quarto da família Herodes. Herodes o Grande, o primeiro da linhagem, assassinou milhares de crianças tentando matar o menino Jesus. Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, decapitou João Batista. Agripa I, seu filho, foi o responsável pelo assassinato de Tiago, filho de Zebedeu, no fio da espada e agora Paulo está diante daquele que, juntamente com a sua família, rivaliza com o Evangelho desde o início. [1]
O prisioneiro sabia a história do rei e que ele conhecia bem sobre o Jesus que foi morto, o qual Paulo dizia ter ressuscitado. Guilherme de Carvalho expondo sobre este assunto diz que, ao ressuscitar, Jesus estava invalidando o poder romano “Pois se Roma matar e o julgado pela lei não continuar morto, do que vale o decreto” [Paráfrase Minha].
Pela terceira vez Paulo conta a seus ouvintes o encontro transformador que teve com Jesus ressuscitado. Apesar dos testemunhos não serem totalmente iguais, no centro está relatado o Cristo vivo e poderoso.
Paulo está louco? “Não, ó excelentíssimo Festo” é que para os sábios desta terra o Evangelho é loucura. Mesmo que a mensagem tenha sido exposta de forma coerente com as narrativas da Lei e dos Profetas, em verdade e bom senso (v22-25).
O próprio Agripa interrompeu o debate; “Por pouco me convences a me tornar um cristão” (v.28). O prisioneiro deseja que os seus ouvintes sejam libertos das trevas para a luz, das algemas de Satanás para vida em Cristo. Nem Festo, nem Agripa encontraram culpa no apóstolo, mas porque ele recorreu a César (Nero), esse deveria ser o seu destino (v.22).
Aplicações
1) Cristo nos encontrou, iluminou nossas trevas e nos libertou das algemas do pecado. Nos disse em alto e bom som, “coloque-se de pé” vocês serão minhas testemunhas entre todas as pessoas do mundo. Estamos vivos por causa do propósito de Deus em nossas vidas, onde formos levados que seja para dar o bom testemunho da ressurreição do nosso Senhor.
2) O fato de as pessoas nos acharem loucos não devem estar em nossa maneira de vestir ou mesmo em nossos temperamentos. Escutar de um não cristão que somos loucos só faz sentido se isto está associado à mensagem do Cristo ressuscitado que, a propósito, é pregador por nós com verdade e bom senso. Ser louco por Jesus não é abrir mão do juízo como alguns “pastores sugerem”; o cristão é chamado à coerência com a vida diante de Deus e para a sua glória.
3) Paulo desejava ser livre, viver sem algemas, entretanto esta vontade não foi maior do que a de cumprir o seu chamado. Ir para Roma testemunhar Cristo era a missão que o apóstolo recebeu de Deus. Eu desejo muitas coisas nesta vida, segurança e bem estar estão entre estas vontades, mas constantemente tenho orado a Deus para que seja feita a sua vontade em mim e que me dê coragem para ser sua testemunha onde Ele quiser que eu vá, para as pessoas que Ele desejar colocar no meu caminho. Que seja assim com você também!
[1] A mensagem de Atos, John Stott