Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (João 4:34)
Ainda em Samaria, Jesus nos ensina no caminho do discipulado. Ao ser questionado por seus discípulos sobre a “necessidade de comer”, Ele os ensina sobre um tipo de fome que só pode ser saciada quando a vontade de Deus é realizada.
O Evangelho tem a ver com nascer de novo no reino de Deus, e o cristão já passou por esta experiência, pois como disse Paulo: “aquele que está em Cristo é uma nova criatura” (2co 5.17). Portanto é de se esperar que esse novo ser espiritual viva de acordo com as realidades do reino de Deus.
Cristo revela em sua boa notícia que água e comida sanam temporariamente necessidades básicas do nosso corpo, mas existe um alimento especial que preenche nosso homem interior criado à imagem de Deus.
O alimento espiritual é viver para a glória de Deus
Antes de Agostinho escrever sobre a o “Descansar naquele que nos criou” e Edwards falar sobre “Afeições religiosas” ou até mesmo Piper pregar sobre “A teologia da alegria”, Jesus já falava sobre encontrar em Deus alimento para sua alma. Ao dizer que sua fome era saciada no cumprimento da obra de Deus, Jesus nos mostra que existe uma fome de propósito que é mais doce que o mel e mais saborosa do que banquetes reais.
Em todo o Evangelho percebemos Jesus matando a sua fome de fazer a vontade de Deus. Em cada encontro, ensinamento, milagre, palavra e atos Ele está cumprindo a vontade daquele que o enviou.
Nesse episódio, a sede e a fome de Jesus não são da água do poço de Jacó ou do alimento que os discípulos trouxeram da vila. Jesus está encontrando deleite e alegria espiritual, próprios da sua missão, em ministrar as boas novas à mulher samaritana. Nós, seus imitadores, precisamos descobrir a alegria e a satisfação eterna ao andar neste mundo cumprindo a vontade de Deus.
Os campos brancos – A alegria do que colhe
Nos campos brancos está mais alimento para o verdadeiro cristão. Ao perceber que no mundo somos chamados a continuar a tarefa de anunciar o Evangelho, a alegria do verdadeiro discípulos transborda. Não somos mais movidos por fome ou sede – o mais primitivo dos extintos humanos – somos movidos por senso de propósito, que estamos salvos e vivos para que em nós se cumpra a vontade de Deus.
Somente cristãos imaturos encaram o viver para Deus como fardo; com Cristo aprendemos a nos alegrar na tarefa de colher nos campos brancos. Sim, existe um trabalho que nos exige suor, lágrimas e sangue, mas para além do sofrimento presente, a alegria eterna é a nossa recompensa.
Neste mundo voltado para o eu, onde o próximo é meu concorrente e não meu irmão, eu busco água, comida, sucesso, segurança e prazer para mim mesmo. Jesus nos chama para fazer totalmente ao contrário: sacrificar-se a si mesmo se necessário for para que a vontade de Deus seja feita, e nisso encontramos satisfação em Deus, sendo Ele mais glorificado.
A vontade Deus é que pessoas sejam salvas, samaritanos sejam encontrados e o seu reino seja estabelecido. Mais do que Pão e água, no jantar do Rei dos reis, está um banquete espiritual disponível para todo aquele que deseja se alimentar da vontade de Deus.
Levante os olhos – Os campos são as cidades e vilarejos
Levantar os olhos significa tirar os olhos naturais das situações e adversidades e olhar sobrenaturalmente para o lugar em que passamos, vendo-o como campos prontos para a colheita, lugar onde pessoas estão prontas para ouvir e crer no Evangelho.
O medo ou até mesmo a incredulidade é um empecilho que nos atravanca em comunicar as boas novas, de incentivar pessoas a irem ao encontro de Jesus. Achamos que elas não estão prontas, mas a palavra de Jesus é “Eu vos envio, para colher”. Que possamos ser obedientes e com alegria buscar os frutos maduros da colheita de Deus.
Tu multiplicaste este povo e a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos. (Isaias 9.3)