Muitos samaritanos creram em Jesus por causa do testemunho da mulher. Entretanto, esse povo sedento de Deus não se satisfez apenas com o testemunho da mulher, eles desejam o próprio Jesus e suas palavras.
Aquela mulher, ao descobrir no Filho de Deus a fonte de água eterna, deixa tudo para trás e alegremente vai à cidade anunciar aos seus irmãos que o Messias está próximo. A mulher foi ouvida, o seu testemunho inspirou outros ao encontro, mas ao encontrar com Jesus a fé que começou no testemunho se expande.
Diga às pessoas o que Jesus fez a você e leve-as ao encontro com o Messias
Sempre que sou convidado a falar em seminários de missões e evangelismo, digo às pessoas que evangelizar é falar sobre Cristo e sua obra. E isto é bem diferente de falarmos sobre nós mesmos e como somos abençoados depois que viramos “crentes”.
Com isto eu não estou dizendo que nossa história de conversão não tenha proveito. A questão é que, anunciar boas novas tem mais a ver com o que Deus fez, faz e é, do que simplesmente dar o nosso testemunho pessoal.
Na história da mulher samaritano fica evidente que ela, ao testemunhar o Evangelho, buscava promover Jesus e não a si mesma. Apesar de dizer o que Jesus lhe disse, a samaritana leva aos seus ouvintes a crerem que Jesus era o Messias. E eles foram inspirados e levados à fé por causa das palavras dela.
Mas o evangelismo não termina por aí. Pelo testemunho da mulher, aqueles homens foram encorajados a se encontrar pessoalmente com Jesus, e isso ampliou-lhes o entendimento a ponto de que sua fé em Cristo tinha um novo fundamento, o próprio Jesus. Eles expandiram a fé no Messias do simplesmente crer porque alguém falou, para crer porque se relacionaram com Ele próprio.
Quando formos ao encontro das pessoas na intenção de compartilhar o Evangelho, que possamos compartilhar sobre o que Deus fez em nossa vida, mas acima de tudo levar as pessoas a encontrar com Jesus pessoalmente. Que o nosso testemunho possa ser usado por Deus para gerar essa fé que leva as pessoas a buscarem o encontro com o Messias. Um verdadeiro evangelista deseja que as pessoas conheçam mais de Cristo do que de si mesmo.
A igreja missional
Antes de falarmos sobre a missão de evangelizar, precisamos definir de quem é a missão. Ao ler esta passagem, parece que a missão de evangelizar é da própria mulher, ou até mesmo dos discípulos que estão, de perto, observando toda a cena acontecer.
No entanto, anterior a missão que Deus compartilha com os alcançados por Jesus, está o próprio Deus Trinitário. Para uma melhor compreensão dessas coisas precisamos quebrar o mito popular de que Deus é uma entidade estática, como um homem muito velho que mal se levanta do seu trono lá nos altos céus.
Deus é uma trindade e, não se engane, ele não está parado, nunca esteve. Deus sempre está em movimento e quando falamos sobre a missão do Evangelho, é Deus o principal envolvido. Timothy Keller ao escrever sobre “igreja missional”, comenta que David Bosch usava o conceito de “Missio Dei” como ponto de partida para pensar na missão da igreja. Keller diz:
o conceito da missio Dei implicava que a missão tinha de ser “vista como originária da própria natureza de Deus […] inserida no contexto da doutrina da Trindade, não no da eclesiologia, nem do da soteriologia”. A Trindade é, por natureza, “enviadora”. O Pai envia o Filho para salvar o mundo; o Pai e o Filho enviam o Espírito ao mundo. E agora, disse Bosch, o Espírito envia a igreja. Em suma, Deus não está simplesmente enviando a igreja em uma mis são. Deus já está realizando a missão, e a igreja precisa se juntar a ele. Isso, portanto, também significa que não basta a igreja apenas criar um departamento de missões; ela deve existir para ser totalmente uma missão (297)
As pessoas, ao escutarem sobre Cristo por meio do nosso testemunho, são levadas a buscarem as suas próprias experiências com Deus. A fé salvadora pode ser fomentada pelo nosso testemunho, mas só é garantida no verdadeiro encontro com a Palavra de Deus; Jesus o verdadeiro salvador do mundo.
A Igreja de Jesus é missional por natureza, ela é feita de todo tipo de gente (samaritanos, gentios, judeus e encontrados pelo caminho) que ao conhecer Jesus e receber a “fé salvadora”, recebe também o convite para participar da “missio Dei” e inundar o mundo com águas vivas. Isto é o que o Evangelho é o que o Evangelho faz.