A comunidade cristã local é extremamente importante para o desenvolvimento dos cristãos e também para o lugar onde ela está inserida. Sabemos que a Igreja é o corpo de Jesus na terra e que o Espírito Santo age de maneira extraordinária por toda a parte, inspirando e capacitando irmãos a pregarem e viverem o Evangelho do Reino de Deus.
Existe um propósito comum entre pequenas congregações que se reúnem em casas e as grandes igrejas espalhadas pelo mundo. O Evangelho de Jesus é o que une os objetivos de pessoas convertidas a um único propósito: a glória de Deus o Pai em Cristo Jesus o Filho.
A relevância dessas igrejas está no fato dos grupos de irmãos (sejam eles formados por um número pequeno ou um número maior de pessoas) se reunirem não às suas próprias custas, mas estando conscientes da missão e submissos a uma direção divina, a qual os definem como agentes do reino de Deus.
Congregar os que foram chamados segundo a Palavra de Deus
A comunidade local é o lugar onde Jesus edifica a sua Igreja. Com suas características peculiares, cada congregação se torna plataforma divina para edificação e treinamento dos filhos de Deus. Quando há compreensão saudável dos elementos que formam uma igreja saudável, existe o que podemos chamar de crescimento saudável.
Quando Deus congrega os seus eleitos, Ele o faz por intermédio da sua Palavra e a igreja desfruta do crescimento saudável. Esse tipo de crescimento tem mais a ver com a qualidade e o desenvolvimento das pessoas no Evangelho do que com a quantidade de pessoas que estão ingressando no corpo de membros.
É evidente que o próprio Evangelho é uma fonte inesgotável de vida e energia que causa grande renovo em todo o povo de Deus. Por isso, todo seguidor de Cristo deve compreender que existe um local onde Ele está alimentando suas ovelhas. Compreendem que a comunidade local é esse lugar onde os irmãos usam os seus dons para abençoar uns aos outros pela graça de Deus. Assim, negar a comunidade local ou desprezá-la, se considerando superior ou negando o corpo de Cristo, é incorrer em grande pecado contra próprio Cristo e sua obra.
O serviço à Cidade até aos confins da terra
Além da pregação do Evangelho e todo o trabalho com aqueles que foram e estão sendo salvos, a comunidade local abençoa a sua região e cidade prestando à elas serviços de misericórdia. E tais serviços fazem com que o Pai seja glorificado por aqueles que ainda não fazem parte do corpo de Cristo. Assim, compreendemos que a ação da Igreja na sociedade aponta para o fato de que existe um Deus soberano, gracioso e cheio de bondade. Essa ação, portanto, não deve ser realizada por meros ativistas religiosos.
É comum ver em nossos dias crentes que buscam formar suas identidades no fazer algo para Deus e esquecem que primeiro é Deus quem define nossa identidade como filhos, como seu Corpo e como sua Igreja. O envio para a missão acontece então secundariamente, e devemos saber que a toda ação precoce pode comprometer a beleza do nosso testemunho de Deus ao mundo. Ser parte de uma igreja local é, portanto, entender que existe um processo de amadurecimento para os filhos de Deus e que os frutos serão produzidos no tempo certo.
Partindo desses princípios, recentemente precisei tomar medidas mais firmes quanto aos voluntários que viriam servir nas frentes de trabalho da nossa comunidade local. O fato de estarmos em uma favela atrai muitos curiosos, além de pessoas que confundem a missão com uma oportunidade de se sentirem melhores, de suprir suas carências afetivas, amenizar fragilidades e dificuldades com a autoestima. Há também pessoas que limitam a missão dentro da favela aos serviços de caridade aos pobres.
Portanto, insisto que o serviço social da Igreja deve ser levado muito a sério, não deve ser confundido com caridade e precisa ser encarado como frutos do Evangelho que se manifestam na própria comunidade local. Além disso, quando a Igreja está em missão, deve ficar evidente que os seus enviados estão no caminho do discipulado de Cristo, devendo haver unidade entre eles e espera-se que o testemunho que apresentam tenha coerência com o Evangelho.
Por fim, creio que não existem limites para uma igreja que avança nessa mentalidade. Não há outro caminho à boa vontade de Deus senão ir até aos confins da terra. Porém, o outro lado do mundo nunca se tornará um lugar de fuga para aqueles que aprenderam a ser Igreja e a serem ovelhas do rebanho de Jesus em suas comunidades locais. Falar em missão não deve ser um assunto independente e desconectado da Igreja. Assim, oremos para que Deus nos ajude a ter mais amor e compromisso, reconhecendo a importância de todas as congregações ao redor do Brasil e do mundo.