A multidão que havia presenciado o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes percebeu Jesus como alguém extraordinário, um possível libertador político (Jo 6.15). Entretanto Jesus é Deus e o milagre era um sinal que não havia sido compreendido pela multidão.
Na margem do mar (lago da Galileia), localizado próximo a Tiberíades, a multidão busca Jesus e não o encontrando parte para Cafarnaum. Nesse encontro Jesus é mais específico e claro sobre a sua missão: Ele é o Deus Filho, o único capaz de realocar a humanidade ao seu propósito original. Aquelas pessoas que buscavam mais pães deveriam estar buscando o Reino de Deus.
O coração do homem sempre busca algo que lhe possa saciar a fome, no entanto, sem saber que Cristo é o pão da vida eterna, as pessoas se contentam com as migalhas desta vida. Nosso trabalho na vida terrena nos exige energia e esforço, suor e sangue. Jesus apresentam um “télos” onde valeria a pena se empenhar a “crer no Filho, que Ele é o Messias enviado pelo Pai” (v. 29).
Esforços não garantem a nossa salvação, entretanto gostaria de dizer que é impossível que não estejamos trabalhando em algo. A fome da humanidade a coloca em movimento; é uma questão de vida ou morte. Nunca descansaremos enquanto não encontrarmos o alimento que nos deixe completamente satisfeitos, algo que preencha não somente o estômago, mas a alma, o espírito, o intelecto, a vida.
As obras de Moisés e a Obra de Cristo
Ao ler essa passagem, devemos ter em mente Moisés e povo israelita no deserto como imagens daquilo que Deus faz na era do Messias: Moisés representando o Cristo e o povo no deserto representando as pessoas no mundo.
A incredulidade e as insatisfações do povo israelita são retratos da humanidade sem Deus. Eles são movidos unicamente pela fome da carne, querem satisfação de pão e quando este se torna comum questionam a índole de Deus. Em Cafarnaum encontrarmos os paralelos: Cristo sinaliza sua divindade e poder e isso não é o suficiente, eles diziam “que sinal? Precisamos de mais, aquilo não nos convenceu” (v.30).
Ao desenvolver da história Jesus vai deixando mais claro quem Ele é e a sua missão. Moisés não é Deus, por isso ele nada pode fazer pelo povo; o profeta foi apenas um instrumento que Deus usou para alimentar um povo no deserto, mas Jesus é Deus, o verdadeiro Pão da vida, o único que pode saciar o vazio na humanidade.
Conclusão
A obra da fé é a busca que temos como alvo de nossas vidas Deus. Em Cristo, o Filho enviado pelo Pai, encontramos uma família que alimenta a nossa fome de relacionamentos, nas águas do Espírito Santo encontramos a fonte que sacia a nossa sede de completude. Fomos criados por Deus e para Deus, essa deveria ser a normalidade humana, mas o pecado nos tirou o propósito e nos fez deficientes da plenitude de Deus. Minha oração é que ao buscar o Evangelho eu receba como recompensa o Reino de Deus pela fé em Cristo Jesus. Não duvidando de nada do que Ele é e faz, não buscando nada além do que me é apresentado. Que sejamos simples, humildes e gratos por comer do Pão da vida e beber do seu sangue.