A prontidão do Advento (vinda) enfatiza a prontidão para a vinda de Cristo em Belém e outra vez no final da História. (Lecionário 2019-2020).
No primeiro ano do nosso tempo, no período em que já se passavam 400 anos em que Deus se calou desde o último profeta (Malaquias), havia em Israel grandes rumores de como seria a chegada do Messias prometido.
Porém, a expectativa sobre a maneira que viria o Messias, e como se cumpriria a promessa da chegada do Descendente de Davi, provocava divisões e não era um consenso entre os mais doutos do povo judeu, enquanto os menos instruídos confudiam-se entre muitas ideias. Contudo, uma coisa era certa: a Torá, os Profetas e os Salmos apontavam para um homem Ungido de Deus que restauraria Israel e estabeleceria uma nova aliança entre Deus e o seu povo.
Como já mencionado, após o profeta Malaquias, o judeu passou a conviver com um temporário silêncio de Deus. Porém, em contraste, também havia a memória das profecias já anunciadas por Deus ao seu povo, as quais apontavam para a chegada de um novo tempo à Israel. Exemplo disso é o que pode ser encontrado no texto do profeta Isaías, onde diz:
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor. (Isaías 2:2-5)
Aquele povo, com muitas histórias gloriosas dos tempos de Davi, já estava cansado e humilhado diante de muitas outras nações. Eles já haviam passado por dois cativeiros (assírio e babilônico), além de terem sido sujeitos ao governo dos persas. Depois vieram os gregos e os dominaram. E, por fim, vieram os romanos com as suas “pisadas de ferro”, destruindo e subjugando o povo que habitava nos territórios conquistados por eles.
Nesse contexto, o povo eleito de Deus, que tinha como centro da sua existência o templo de Deus e a presença Dele, estava assolados pelas mãos, prisões e espadas de povos pagãos. O que restava à Israel era aguardar, quase que com muito ressentimento o dia em que Deus restauraria a sorte deles. Assim, eles esperavam o dia da manifestação da glória do Senhor, e como uma nação sofrida, eles nutriam em suas tradições, canções e literaturas a esperança pelo dia em que Deus enviaria o Messias.
Contudo, aquele povo que imaginava a chegada do Ungido foi surpreendido quando Ele de fato veio ao mundo. Eles se depararam com o escândalo da encarnação, da humildade e da discrição de um Rei que desestabilizou muitas teorias, mas encantou aqueles que foram chamados para participar da cena histórica de seu nascimento. Aquele era um ato divino, que nenhum espectador da história de Deus poderia imaginar.
Agora, a expectativa da vinda do Senhor já está satisfeita em nós habitantes do tempo presente. Hoje, pela fé nós cremos em Jesus e cremos que Ele veio em carne, que ele viveu com um homem, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado no madeiro, e que no terceiro dia ressuscitou dentre os mortos. Cremos que ele está assentado à destra de Deus o Pai, de onde virá uma segunda vez para julgar vivos e mortos.
Portanto, nós também compartilhamos de expectativas semelhantes às do povo de Israel. Porém, nós sabemos que o Messias já veio e que na sua segunda vinda ele consumará por definitivo todos os planos soberanos de Deus. Sabemos que ele virá buscar um povo constituído de todas as tribos, línguas e nações da terra, e que poderemos viver em seu Reino para todo o sempre.
Contudo, enquanto esse dia não chega, estamos aqui neste mundo clamando pela volta de Jesus. Sabemos que o Rei dos Reis virá na glória do Pai e que governará sobre novos céus e nova terra. Sabemos que os cativeiros, domínios e espadas que por enquanto assolam a vida humana, serão extirpados de uma vez por todas e virá um governo de paz sem fim.
Para finalizar, deixo um trecho escrito por Vanessa Belmonte no site medium.com acerca da Estação do Advento:
O Advento também é um tempo de antecipação. Não se trata de uma mera expectativa de um fato desconhecido que não sabemos se realmente irá se cumprir. Já temos o Consolador, o Espírito da Promessa (Efésios 1:13), que nos faz provar algo desse novo mundo. E por causa disso, temos uma esperança real de que a consumação de todas as coisas virá e a ressurreição dos mortos vai acontecer. Nós temos um futuro e vivemos o presente à luz desse futuro. Ao vivermos o ritmo da estação do Advento, permitimos que novos hábitos sejam formados em nós, emoções reorientadas, compreensão fortalecida.