AS PRIORIDADES DA IGREJA – MISSÕES


Na esfera do relacionamento com o mundo, buscamos a missionalidade (abrir-se em amor, hospitalidade e serviço para o mundo perdido, demonstrando o senhorio de Cristo sobre o todo da vida). Deus procura MISSIONÁRIOS dedicados à sua TAREFA (Mt 4.19).Missio dei

Missio dei

O conceito de “missio dei” já foi apresentado, no entanto vale recapitular seu significado:

“Missio dei” significa que Deus está em missão; ele é missionário por se projetar em nossa direção, nos resgatando para si mesmo em Cristo Jesus. Ele é autor da missão, assim como o consumador dela. Quando, porém, dizemos que também somos missionários, ressaltamos que nossa missão não é a priori nossa, mas a missão do Deus triuno.

Engajamento missional

Como igreja somos chamados a ser sal e luz no mundo, frutificando em toda a boa obra para que os homens vejam e glorifiquem a Deus. Temos como prioridade anunciar o Evangelho entre as nações, entretanto não estamos limitados somente a falar das boas notícias, mas também frutificar em gratidão pelo poder do Espírito Santo, testemunhando a nova vida no Reino. Stetzer e Putman[1] afirmam: “A igreja é o missionário de Deus”.

A missão da Igreja é ser e fazer o que lhe é devido

No Éden, a humanidade perdeu a capacidade plena de testemunhar ao mundo a glória de Deus. O pecado endureceu a relação com o ambiente criado; em vez de cultivar um Jardim com prazer, o ser humano passou a deformar a terra e enfrentar severa dificuldade para sobreviver dela[2].

No Ide, os cristãos são convocados a “Ser Igreja”, o que é muito mais do que somente falar do Evangelho[3]; evangelizar é parte do chamado, mas o Ide não se resume a isso. A ordem é pregar e fazer discípulos e isso não se faz apenas com palavras. Assim como o nosso Deus não nos amou apenas de palavras, mas com “palavras e ações de graça”, também somos convocados a uma entrega total à missão de Deus.[4]

Quando a Igreja se compromete com a pregação do Evangelho, também deve se comprometer com as ações derivadas do seu poder (chamemos isso de frutos). É importante observar o que Timothy Keller diz: “O Evangelho não deve ser confundido com os frutos do Evangelho”[5], no entanto não devemos procurar oposições para que um anule o outro.

Nossa sociedade precisa de homens conectados a Deus pelo Evangelho, que frutifiquem em toda boa obra para que Deus seja glorificado em nosso mundo (Mt 5.16). A ordem está bem clara: o Evangelho é o poder que impulsiona todo o “ser e fazer”. Na prática a Igreja deve ter como prioridade a pregação do Evangelho e conforme proclama as boas novas sinaliza, pelo serviço à cidade, o amor encarnado no seu viver comunitário.

Como todas as outras prioridades se encaixam e funcionam na dinâmica do Reino de Deus

Nas últimas semanas conversamos sobre “as prioridades da Igreja” para pensarmos na essencialidade da igreja local. Descobrimos que uma igreja saudável e relevante compreende que sua prioridade é adorar a Deus verdadeiramente (se relacionar com Ele e glorificá-lo em Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo), desenvolver discipulado (confirmar a identidade por meio do seguir a Cristo e ajudar outras pessoas a o segui-lo também) e por fim viver em missão pelo mundo (frutificar em toda boa obra sinalizando o Reino de Deus e as suas obras de redenção em Jesus Cristo).

Ao levar outras pessoas a adorar a Deus (se relacionar com Deus) convidamo-as para o discipulado com Cristo (crescer em graça no Evangelho, fazendo parte de uma família de discípulos) para uma missão (frutificar em toda boa obra pelo poder do Espírito Santo e para a glória de Deus).

Conclusão

A missão exige do discípulo uma compreensão do coração de Deus: ”amar a Deus e amar aquilo que Deus ama”. Mas para tal, é necessária a identificação com Jesus, que ao olhar para as pessoas percebe aquilo que Deus mais ama e se compadece, percebe a condição delas que sofrem no mundo e estão distantes do Sumo Pastor, não recebendo dele o alimento e o cuidado. Logo, os discípulos de Jesus são chamados ao cuidado para com o próximo e à atenção para com aquele que padece por não se alimentar de Cristo. E sobre tal necessidade, a oração de Jesus é clara e urgente: “Que Deus mande mais trabalhadores para fazerem a colheita”. (Mt 9.35-38)

No trabalho de engajamento cultural devemos estar preparados para a colheita e para o fracasso. As coisas nem sempre são simples e lógicas e às vezes não teremos os melhores resultados, entretanto, permanecer com presença fiel a Cristo na cultura é saber que Ele é soberano sobre tudo e sobre todos.

O fracasso e hostilidade não podem esmorecer a convicção dos mensageiros de que são enviados por Jesus. A fim de oferecer-lhes segurança e conforto, “Jesus repete: Eis que eu vos envio!”. Não se trata de caminho pessoal nem de empreendimento individual; trata-se de missão (…). Onde estiver a palavra, ali deve estar o discípulo. (BONHOEFFER, 2016, p. 169).

[1] Desvendando o código missional, 2018, Vida Nova [2] Leia todo o contexto de Gênesis 1 e 2 [3] Assista aos meus sermões comentando Mateus 16.18 [4]Eu estou convencido que pregar o Evangelho é feito com palavras e sem elas não faria sentido algum, no entanto quero deixar implícito que ser igreja vai além de pregar o Evangelho, está relacionado à integralidade da missão da Igreja [5] Igreja Centrada. Vida Nova

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