Credo Apostólico

1. Creio em Deus Pai Todo-poderoso, o Criador dos Céus e da terra.

2. E em Jesus Cristo, o seu único Filho, o nosso Senhor;

3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;

4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;

5. desceu aos inferno, e ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos;

6. subiu ao céu e está assentado a direita de Deus Pai Todo-poderoso;

7. dali virá para julgar os vivos e os mortos.

8. Creio no Espírito Santo;

9. na santa Igreja católica, a comunhão dos santos;

10. o perdão dos pecados;

11. a ressurreição do corpo

12. e a vida eterna. Amém.”

É essencial que os crentes entendam a necessidade de confessar a sua fé (Mt 10:32; Rm 10:9). Confessamos a nossa fé no batismo, na Ceia do Senhor, ao testificar aos incrédulos, ao dar bom testemunho na vida pública e privada e ao recitar o Credo no culto de adoração. Toda confissão pública da fé deve ser feita com sinceridade e deve vir acompanhada de uma vida de compromisso com os valores do reino de Deus.

Até aqui todos estamos de acordo, porém ocorre que, na América Latina algumas igrejas evangélicas não dão muito valor ao Credo Apostólico. Não se interessam em estudá-lo, nem em confessar a sua fé através dele e esta atitude surge de três erros. Primeiro: as pessoas se enganam ao relacionar o Credo com a Igreja Católica Romana, crendo que é um documento inventado por ela. Segundo: como a Igreja Católica Romana tem a prática de conferir autoridade divina a muitos de suas tradições, teme-se que ela conceda tanta importância ao Credo dos apóstolos, que se lhe estime na mesma altura que a Bíblia. Terceiro: uma boa parte da igreja evangélica carece de consciência histórica. Se existe algum interesse pelo passado, este se concentra no período da Igreja primitiva, a qual se pretende chegar passando por toda a história que media entre nós e a Igreja do livro de Atos.

Esta falta de interesse pode ser superada se considerarmos que ao usar o Credo, o fazemos junto com a Igreja “universal” ao longo de toda a sua história. A Igreja o vem utilizando, quase desde o seu começo, muito antes que existisse o romanismo, que teve a sua origem com o papado. Este estudo provará que o Credo não é mais do que um resumo do que a Bíblia ensina. Ainda que não seja errado que uma denominação conceda a um credo caráter de autoridade, como todos os demais cristãos sabemos que somente a Bíblia possui autoridade final e divina. O Credo está subordinado à Palavra de Deus. Então, é importante que os crentes percebam o quanto o Credo provê um maravilhoso recurso para confessar os pontos principais de sua fé.

Por ser a confissão de fé mais popular do Cristianismo, tem-se chamado simplesmente “o Credo”. A palavra Credo é realmente o verbo com o qual começa o Credo Apostólico no latim, que declara: Credo in Deum Patrem . No português a mesma oração se repete: Creio em Deus Pai. Assim, o termo Credo significa apenas Creio , ou seja, “eu creio”, eu confesso a minha fé de forma pública (cf. 2 Co 4:13). Daí, um credo que não é outra coisa que uma forma de se confessar as nossas crenças básicas (Mt 10:32; Rm 10:8-10).

É chamado de “Símbolo Apostólico”. Este nome foi dado quando as heresias começaram a minar a Igreja. A palavra Símbolo vem do grego, e significa: “marca distintiva, santo e sinal”. O Símbolo Apostólico se converte numa marca da doutrina apostólica e, portanto, a marca do cristão e da Igreja verdadeira. Rufino (falecido em 410 d.C.) disse que o Credo foi dado como uma marca contra os falsos apóstolos, e acrescenta: “assim, os apóstolos prescreveram esta fórmula como sinal e penhor pelo qual reconhecer quem realmente prega verdadeiramente a Cristo, segundo a regra apostólica.”

Também recebeu o nome de “Os Doze Artigos de Fé”. A divisão em 12 artigos obedece à lenda de que cada um dos 12 apóstolos escreveu um artigo. Todavia, é mais apropriado esquecer deste título e dividir o Credo em três partes, segundo a sua ordem trinitária.

Além do mais, lhe é concedido o qualificativo de “Apostólico”. Foi Rufino (cerca de 307-309 d.C.) o primeiro a transmitir por escrito a lenda de que, no dia anterior à partida para pregar a todas as nações, os apóstolos colocaram-se em comum acordo quanto à norma de sua pregação. E foi assim que, inspirados pelo Espírito, compuseram o Credo. Mas adiante, Ambrósio (bispo de Milão, 340-397 d.C.) afirmou que o número de 12 artigos obedece ao número dos apóstolos. Finalmente, no século VI um sermão de Pseudo-Agostinho termina afirmando que a cada apóstolo correspondeu escrever um artigo. Esta lenda deve ser rejeitada. O Credo não é apostólico porque foi escrito pelos apóstolos, mas por ser a sua doutrina.