Cristo, nossa Páscoa | Charles Spurgeon

Porquanto Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi sacrificado.
1CORÍNTIOS 5.7

Quanto mais você lê e mais medita sobre a Bíblia, maior é sua surpresa com ela. Aquele que é apenas um leitor casual da Bíblia não conhece a altura, a profundidade, o comprimento e a amplitude dos poderosos propósitos contidos em suas páginas. Há momentos em que descubro uma nova linha de raciocínio e salto atônito: “Que maravilha, eu nunca vi isso antes nas Escrituras”. Você descobrirá que as Escrituras aumentam à medida que você começa a lê-las. Quanto mais as estuda, menos parecerá conhecê-las, pois elas se ampliam à medida que nos aproximamos delas. Especialmente, você descobrirá que esse é o caso com as partes tipológicas da Palavra de Deus.


A maior parte dos livros históricos foi destinada a serem tipológicos, quer de dispensações, experiências ou ofícios de Jesus Cristo. Estude a Bíblia a partir dessa leitura e você não culpará George Herbert quando ele a chama de “não apenas o livro de Deus, mas o deus dos livros”. Um dos pontos mais interessantes das Escrituras é sua tendência constante de mostrar Cristo e talvez uma das mais belas figuras como Jesus Cristo é apresentado nas Escrituras é a do Cordeiro Pascal. É de Cristo que vamos falar esta noite.


Israel estava no Egito em extrema escravidão. A severidade de sua escravidão havia aumentado continuamente até se tornar tão opressiva que seus gemidos incessantes subiram ao céu. O Deus que vinga seus eleitos, embora clamem dia e noite, por fim determinou um terrível golpe contra o rei do Egito e a nação egípcia, para que libertassem seu povo. Podemos imaginar as ansiedades e as expectativas de Israel, mas dificilmente podemos ter empatia com ele, a menos que nós, como cristãos, tenhamos recebido a mesma libertação do Egito espiritual. Vamos, irmãos, voltemos em nossa experiência, quando habitávamos na terra do Egito, trabalhando nas pedras do pecado, labutando para nos tornarmos melhores, e descobrindo que não havia qualquer proveito real nessas coisas. Vamos lembrar daquela noite memorável, do início dos meses, do início de uma nova vida em nosso espírito e do início de uma era totalmente nova em nossa alma. A Palavra de Deus desferiu o golpe em nosso pecado, o Senhor nos deu Jesus Cristo como nosso sacrifício, e naquela noite nós saímos do Egito.


Embora tenhamos passado pelo deserto desde então e lutado contra os amalequitas, tenhamos pisado nas serpentes flamejantes, tenhamos sido queimados pelo calor e congelados pela neve, contudo, nunca mais voltamos ao Egito; apesar de nosso coração ter capacidade de ter desejado o alho-poró, as cebolas e as panelas de carne do Egito, nunca fomos levados à escravidão desde então. Venha, vamos celebrar a Páscoa esta noite, e pense na noite em que o Senhor nos libertou. Vejamos nosso Salvador Jesus como o Cordeiro Pascal do qual nos alimentamos. Sim, não apenas olhemos para ele como tal, mas nos sentemos esta noite à sua mesa, comamos de sua carne e bebamos de seu sangue, pois sua carne é a verdadeira comida, e seu sangue é a verdadeira bebida. Em santa solenidade, deixem que os corações se aproximem daquela ceia antiga, voltemos às trevas no Egito e, pela santa contemplação, vejamos que, em vez do anjo destruidor, vem o anjo do pacto, no início da festa — “O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.

Charles Spurgeon, Cristo, Nossa Páscoa, trad. Bárbara Tomaz, 1a edição., O Melhor de Charles Spurgeon (Rio de Janeiro: GodBooks, 2022), 39–42.

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