A teologia reformada afirma a doutrina da expiação limitada, também chamada de redenção particular ou limitada (“limitada” não com referência ao poder ou valor da morte de Jesus, mas com referência ao número de pessoas para as quais Cristo pagou o preço pela salvação). A expiação limitada deve ser distinguida de outros dois ensinamentos proeminentes: o universalismo e a redenção geral. As três doutrinas, incluindo a expiação limitada, afirmam que o sacrifício de Cristo tem valor infinito. De acordo com os conceitos de redenção geral e expiação limitada, a oferta gratuita do evangelho é concedida a todos que verdadeiramente ouvem as boas-novas de Cristo. O universalismo afirma que todos são salvos, quer aceitem o evangelho ou não.
Essas três doutrinas podem ser distinguidas mais facilmente ao se considerar dois aspectos diferentes da expiação: (1) A obra de Jesus na cruz por meio da qual ele obteve a salvação e (2) a aplicação da salvação a indivíduos pelo Espírito Santo. O universalismo afirma que Cristo obteve a salvação para todas as pessoas do mundo, de modo que todos são salvos. A redenção geral afirma que apesar de Cristo ter obtido a salvação para o mundo todo, o Espírito Santo aplica a salvação somente àqueles que aceitam Cristo pela fé, de modo que estes são salvos. A expiação limitada afirma que Cristo obteve a salvação apenas para os eleitos e que o Espírito Santo aplica a salvação somente aos eleitos (veja o artigo teológico “Predestinação e Presciência“, em Rm 8).
Assim, de acordo com a doutrina da redenção geral, apesar da morte de Cristo possibilitar a salvação do mundo todo (tanto dos eleitos quanto dos réprobos), não garantiu a salvação de ninguém. Para a doutrina da expiação limitada, porém, o Espírito Santo aplicará a salvação necessariamente a todos aqueles pelos quais Cristo morreu, de modo que todas essas pessoas serão salvas.
As Escrituras dizem que Deus escolheu um grande número de pessoas (os “eleitos”) da raça humana decaída para a salvação e que enviou Cristo ao mundo para salvá-las (Jo 6.37-40; 10.27-29; 11.51-52; Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 1Pe 1.20). Também afirmam com frequência que Cristo morreu por grupos ou pessoas em particular, tendo como implicação clara que a sua morte garantiu totalmente a salvação desses indivíduos (Jo 10.15-18,27-29; Rm 5.8-10; 8.32; Gl 2.20; 3.13-14; 4.4-5; 1Jo 4.9-10; Ap 1.4-6; 5.9-10). Pouco antes do seu sofrimento na cruz, Jesus orou somente por aqueles que o Pai havia lhe dado, e não pelo “mundo” (isto é, pelo restante da humanidade [Jo 17.9,20]).
De qualquer modo, juntamente com a doutrina da expiação limitada é importante afirmar a oferta gratuita de Jesus Cristo no evangelho. Por certo, todos os que aceitam a Cristo pela fé encontram misericórdia (Jo 6.35,47-51,54-57; Rm 1.16; 10.8-13). Os que foram escolhidos por Deus ouvem a oferta de Cristo e, ao ouvi-la, recebem o chamado efetivo do Espírito Santo. Tanto o convite quanto o chamado efetivo são decorrentes da morte expiatória de Cristo. Aqueles que rejeitam a oferta de Cristo o fazem por escolha própria (Mt 22.1-7; Jo 3.18), de modo que serão responsáveis pelo próprio perecimento. Aqueles que recebem a Jesus aprendem a ser gratos a ele pelo fato de seu sangue tê-los purificado inteiramente de toda a injustiça e sabem que, sem essa obra da sua graça, não haveria nenhuma esperança.
Artigo Orginal. Bíblia de Estudos de Genebra, 2a Ed. 2009 Editora Cultura Cristã