GLORIFICANDO A DEUS NO NOSSO TRABALHO

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte. Nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto, mas num lugar adequado onde ilumina bem todos os que estão na casa. Assim brilhe também a luz de vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus. (Mateus 5:14-16)

Em seu trabalho, você busca ser uma cidade no topo de um monte? Ou você muitas vezes tenta passar despercebido?

Quando as pessoas te observam trabalhando, o vêem como uma luz?

Você considera o seu trabalho como apenas uma tarefa mundana a ser cumprida ou como grande parte da sua vida cristã?

Nós, seres humanos, fomos criados para trabalhar. Isso já era verdade desde o início da criação (Gn 2:15). Além de cuidar do jardim, Adão deveria dar nome a todos os animais. Juntamente com Eva, ele também deveria subjugar e governar a terra como vice-regente da criação de Deus.

Deus, o Criador

“No início Deus criou” (Gn. 1:1). A primeira coisa que sabemos sobre Deus é o Seu caráter – antes de qualquer outra coisa – Ele é o criador. Nos primeiros capítulos do livro de Gênesis, Deus descreve sua obra de criação. Deus é um Criador, Ele criou todas as coisas. Deus também segue em um trabalho incessante (Jo 5:17) sustentando todas as coisas. (Hb 1:3).

“Assim, Deus criou o homem à Sua própria imagem, à imagem de Deus Ele os criou” (Gn 1:27).

Não é mesmo incrível pensar que existem bilhões de maneiras diferentes de fazer homens e mulheres? Nosso Deus Todo-Poderoso continua a inventar novas combinações de personalidades, tipos de corpo, tons de pele e conjuntos de habilidades todos os dias. A cada nova pessoa Ele também incute criatividade; um desejo inato de imaginar, sonhar e experimentar. Temos esse ímpeto porque fomos feitos para imitar a Deus. Criamos porque Deus criou primeiro. O ser humano foi feito para ser criativo e frutífero em seu trabalho (Pv 14:23, 18:9, 22:29) e também para descansar do mesmo (Ex 20:9-10).

O Homem e o trabalho

Contudo, a queda do Homem descrita em Gênesis 3 gerou uma mudança na natureza do trabalho. Em resposta ao pecado de Adão, como parte dos vários julgamentos em Gênesis 3:17-19, Deus amaldiçoou o solo. O trabalho se tornou difícil. A palavra esforço é usada, implicando desafio, dificuldade, exaustão e luta. O trabalho em si ainda seria bom, mas o homem deveria esperar que ele fosse realizado pelo “suor do seu rosto”. Além disso, o resultado nem sempre seria positivo. Embora o homem comesse as plantas do campo, o solo também produziria espinhos e cardos. O trabalho duro e o esforço nem sempre seriam recompensados da forma que o trabalhador esperasse ou desejasse.

Apesar disso, o trabalho continua um meio de glorificarmos a Deus:

1. Trabalhando com fé e consciência limpa; (Rm 14:23, 1 Tm 1:19).

2. Orando e dependendo de Deus no exercício das nossas tarefas; (1 Ts 4:17, Sl 127:1).

3. Compartilhando o fruto do nosso trabalho; (Pv 3:9, 2 Co 9:6-15, Ef 4:28, 1 Tm 5:8, At 20:35, 1 Ts 4:11)

4. Aprimorando-se e esforçando-se pela excelência no que fazemos; (Pv 22:29, 14:23, 28:19, Mt 5:16)

5. Fazendo tudo com ética, justiça e retidão; (Pv 11:1, 11:3, 25:21)

6. Dando o exemplo de amor ao próximo na forma como interagimos e servimos nossos colegas; (1 Co 16:14, Mt 7:12, Ro 13:8-10)

7. Planejando o trabalho e reconhecendo a soberania de Deus sobre o mesmo; (Pv 16:3, 24:27, Tg 4:13-15)

8. Trabalhando para o Senhor, e não para os homens; (Cl 3:23, 1 Pe 2:18, Ef 6:5-9)

9. Comunicando-se com paciência, sabedoria e graça; (Ef 4:29, Tg 1:19-20, Rm 12:18)

10. Compartilhando o Evangelho com nossos colegas; (2 Co 5:20, Cl 4:1-6).

Na visão de mundo secular, o bom desempenho no trabalho é um fim em si mesmo, pois ele se torna a identidade daquela pessoa e um meio dela servir a si mesma. Portanto, se você não for bem-sucedido, o trabalho destruirá sua perspectiva e seu senso de valor [1]. Isso porque o pecado distorce a definição e o propósito bíblico do trabalho, tendo o foco centrado no homem e não em Deus. Em Gênesis 11 temos um exemplo disso, quando os homens reuniram forças para “construir uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome” Gn 11:4.

O nosso propósito em Cristo

Nós, cristãos, não definimos o sucesso no trabalho da mesma maneira que o mundo, não utilizamos os mesmos parâmetros. Nossa identidade e dignidade vem de Cristo e da obra Dele, não do nosso próprio trabalho. O nosso emprego não é o propósito final, mas um meio para atingir diferentes objetivos que glorifiquem a Deus. Reconhecemos que todas as coisas foram feitas por Ele e para Ele (Cl 1:16). Ao mesmo tempo, “Contamos tudo como perda” – pagamentos, promoções, progresso, aposentadoria – “por causa do valor supremo de conhecer a Cristo”. “Por causa dele nós sofremos a perda de todas as coisas e as consideramos como esterco, a fim de que possamos ganhar Cristo e ser encontrados nele” (Fp 3:8-9).

Por mais que algumas vezes o nosso trabalho não seja valorizado pela sociedade, ele torna-se relevante no contexto do Reino de Deus, pois o realizamos para o Senhor.

Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo. Colossenses 3:22-24

Portanto, o ambiente de trabalho é um lugar onde, através do que fazemos, podemos demonstrar nosso amor a Deus e também ao próximo. Contudo, é também esperado que passemos por diversas tribulações no nosso trabalho cotidiano. Podem ser dificuldades na convivência ou relação com colegas, pressão do chefe, injustiça salarial, insegurança de manter o emprego, etc. De qualquer maneira, lembre-se:

Disse Jesus: “O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui”. João 18:36

Minha oração é para que tenhamos sempre essa realidade em mente, pois ela nos dará as expectativas apropriadas. O nosso Reino não é deste mundo, assim como o nosso Rei também não é. Somos peregrinos à espera da cidade celestial, a nova Jerusalém. Na recriação, a justiça dos Céus será trazida para a Terra. Hoje temos uma melhor e mais segura esperança, pois ela não está no sucesso ou segurança do nosso emprego, mas Naquele que nos amou e deu a Sua vida por nós na cruz do Calvário.

Referências:

[1] Timothy Keller – Como integrar fé e trabalho: Nossa profissão a serviço do reino de Deus

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