Jesus está caminhando para encontros e agora ele tem em vista um em especial. Um homem estava há 38 anos frequentando o mesmo lugar em busca de cura para a sua enfermidade, o detalhe do texto é que ele era apenas mais um em meio à multidão de enfermos.
Jesus o escolhe, premedita o encontro e o questiona sobre seu interesse em ser curado. Aquele homem quase sem esperança foi sucumbido pela rotina de frustração; nunca havia conseguido chegar às águas e ser o primeiro. O homem lamenta e Jesus o interrompe com o milagre e a ordem: “levanta-te, pega a tua maca e anda”.
O milagre realizado no sábado é um sinal para aqueles que estão atentos, mas os judeus (autoridades) só conseguem perceber a infração do homem que carrega a cama no “shabbath”. A ironia está aqui: “Sou indignado pela ideia de que talvez a tradição não fosse seguida a risca, mas não me incomoda o fato de haver uma multidão de pessoas doentes sem que alguém se envolva com o sofrimento alheio”.
Leiam o texto e percebam as minúcias nos encontros que Jesus promove, são sempre ricos e calorosos. Gostaria de adiantar as aplicações e compartilhar o que esta passagem falou ao meu coração.
Um mundo de caos e uma corrida que eu já comecei prejudicado
Parece que a tradição interpretava que a enfermidade do paralítico tinha uma razão (talvez um pecado, atitude e consequência passada). No entanto perceba o cenário, o homem está em busca da cura, da salvação da sua decadente situação.
O anjo movia as águas (em manuscritos mais antigos não aparece esse relato) e esse era o sinal de que a corrida havia começado. Ninguém sabia a hora, e detalhe: “o anjo era invisível”. Uma tragédia para o paralítico, que não conseguia correr; ele tinha boca para murmurar e olhos para assistir o mundo todo contra ele.
O paralítico estava atento a tudo o que estava acontecendo. Tenho motivos para acreditar que cada vez olhava menos para as águas e mais para as adversidades, ele vai se perdendo e o suspense aumentado. Se não bastasse, a multidão de enfermos se transformou em concorrentes, inimigos do seu sucesso, afinal ele só tinha uma chance e quando estou competido por uma única oportunidade, o outro é sempre o meu adversário.
Na pergunta de Jesus, a resposta parece óbvia: “é claro que ele quer ser curado”, no entanto aquele homem não tem mais expectativas de que algo bom possa acontecer: “falta lhe fé”. É aqui que aprendemos algo muito importante: Jesus não precisa da nossa fé para nos curar (desculpe estraga a nossa teologia do mérito) o seu encontro é “graça do início ao fim”.
No encontro com Jesus
Nos encontros com Jesus há uma série de coisas que acontecem ao mesmo tempo. É quase impossível demarcar a ação de Deus, porém eu destaco alguns aspectos desta passagem:
- Jesus pergunta e independente da resposta: está claro que somos pecadores e precisamos de intervenção em nossas vidas;
- Jesus nos “arranja” tempo: mesmo em um cenário onde eu preciso ficar atento as oportunidades e não posso perder tempo com distrações, Jesus se interpõe entre nós e aquilo que achamos ser importante para nos dizer: “Estou aqui e isso é o maior que tempo, matéria e espaço”;
- Jesus nos encontra para dizer: “Eu estou por você, mesmo que você ache que ninguém se importe”. Jesus se importa com cada detalhe das nossas vidas;
- Jesus vai realizar os seus milagres em nós e isso não se trata da nossa capacidade de chegar primeiro, mas no fato de que Ele quer revelar a sua glória em nossa vida. Mas atenção, não confunda Jesus com um milagreiro, ele curou o paralítico da sua enfermidade colocando aquele homem em boas condições para continuar buscando transformações em outras áreas da sua vida: “não peque mais”.
Conclusão
Jesus é Deus, o Messias enviado pelo Pai. Os encontros que Jesus promove, são encontros que revelam a identidade e missão do Filho. Eu já disse isso em outro texto e repito: “os milagres não são um fim em si mesmos”, são placas que Deus coloca nas estradas para apontar a nossa jornada para o lugar certo, Nele mesmo.
Quando Jesus vai ao encontro de pessoas, ele está para promover um espetáculo. Depende de quem assiste: os humildes e pobres de espírito ficam maravilhados com a ação de Deus, não podemos dizer o mesmo dos orgulhosos e duros de coração.
Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5:17)