UM ESTUDO SOBRE A TRINDADE

Qual a definição da doutrina da Trindade?

A “doutrina da Trindade” pode ser definida como o ensinamento cristão que compreende o “Ser de Deus” revelado na unidade de três pessoas divinas, sendo estas indivisíveis e compartilhando da mesma essência e atributos eternos. Desde o período patrístico, o termo “Trindade” é usado tendo o seu desenvolvimento teológico progressivo ao longo do tempo.

Basicamente, a doutrina da Trindade é caracterizada por quatro ideias principais: o Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito é Deus e esses três são um só Deus (MAIA, 2018, p.134). Essa forma de pensar a Triunidade de Deus encontra nas Escrituras Sagradas o seu principal argumento pedagógico; mesmo que a palavra Trindade não seja encontrada, o seu esboço doutrinário está lá.

Maia (2018, p.136) esclarece que “O Pai é a causa, a origem e o princípio de todas as coisas visíveis e invisíveis. O Filho é o verbo, a sabedoria e a imagem do Pai. O EspíritoSanto, que procede do Pai e do Filho é a eterna força e o poder.

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado, glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do século vindouro. Amém.(CREDO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO 381)

Quais os fundamentos Bíblicos da Doutrina da Trindade?

Em toda a Escritura é possível encontrar referências que nos apontem a ideia de uma unidade plural em Deus. No antigo testamento há textos que Deus fala de si mesmo no plural (Gn 1.26, Gn. 3.22, Gn 11.7, Is 6.8) e faz diferença entre si mesmo como no caso dos termos “Senhor e Espírito” (Sl 33.6, Is 48.16; 63.7-10, Ag 2.4-5). Além disso, o Messias de Deus aparece no antigo testamento como alguém que compartilha de atributos sobrenaturais que só poderiam ser encontrados em Deus (Is 9.6, Sl 45.6-7, Ml 3.1 Sl 2.7, Pr 30.4) ora, todas as referências sobre o Deus que salvaria Israel são atribuídas à Jesus no Novo Testamento. (Jó 19.25. SI 9.14; 78.35; 106.21; Is 41.14; 43.3,11,14; 47.4; Mt 1.21; Lc 1.76-79; 2.17; Jo 4.42; At 5.3; Gl 3.13; 4.5; Fp 3.30).

O Novo Testamento, entretanto, com mais clareza que no Antigo, nos apresenta a Triunidade de Deus explicitamente (Jo 16.13-15; 17.-21-24; Mt 28.19). Entre tantas passagens bíblicas que ressaltam a doutrina Trinitariana, no livro de Marcos encontramos um dos melhores relatos onde podemos contemplar a revelação do Ser de Deus:

Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo (MARCOS 1.10-12).

O Deus triuno que se revela progressivamente nas Escrituras Sagradas só pode ser conhecido plenamente por meio do Filho, o qual é a face de Deus, em que foi constituído herdeiro de todas as coisas e que as sustenta pela palavra do seu poder (Hb 1.1-13).

Como a Trindade trabalha na oração?

Na oração pode ser evidenciado como nos relacionamos com a Trindade Santa. Na oração, na dependência do Espírito Santo, somos conduzidos em santidade e retidão à vontade soberana de Deus.

O Espírito, que procede do Pai e do Filho, é quem nos guia em nossas orações, fazendo-nos orar corretamente ao Pai. De fato, Deus propiciou para nós todos os elementos fundamentais para a nossa santificação (2Pe 1.3); a ação do Espírito aponta nesta direção, indicando também, que as nossas orações são “imperfeitas, imaturas e insuficientes”, por isso Ele nos auxilia, ensinando-nos a orar como convém (MAIA, 2018, p. 161)

Assim como Jesus nos ensina, a oração deve ser feita: por filhos ao Pai, buscando o Reino e confiando na provisão de que Dele receberemos o necessário para glorificarmos e santificarmos o seu Santo Nome (Mt 6.9-13). Maia (2018, p. 163) prossegue:

A presença e direção do Espírito na vida do povo de Deus é uma realidade. Desconsiderar esse fato significa desprezar o registro bíblico e o testemunho do Espírito em nós (Rm 8.16). […] O Espírito em nós é uma fonte de consolo e estímulo à perseverança e obediência devida a Deus, Consideremos esse fato – à luz da Palavra e da nossa experiência – em todos os nossos caminhos, e o Espírito mesmo nos iluminará.

Referência

MAIA, Herminster. CARVALHO, Roney.Teologia Sistemática I, PR, 2016.

Bíblia Sagrada Almeida Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

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